tag:blogger.com,1999:blog-65117926060410048692024-02-19T07:11:15.387-08:00verba sunt indices animiMaírahttp://www.blogger.com/profile/18087157149162014667noreply@blogger.comBlogger37125tag:blogger.com,1999:blog-6511792606041004869.post-51595020806756543542013-07-10T19:40:00.001-07:002013-07-10T19:40:16.620-07:00visto sobre o não vistonas ruas ardentes <br />de noites frias<br />dias cinzas<br />a cidade respira<br />inspira vidas<br />expira o outro<br /><br />nas faixas da ousadia<br />vê-se o risco ilegível<br />acompanhar aquele que atravessa<br /><br />o guia de si mesmo<br />que caminha para frente<br />anda sem direção<br /><br />a sede de entrega se liberta<br />com os olhos <br />involuntariamente fechados<br />com os braços <br />entrelaçados por efêmera confiança <br />com as pernas<br />que caminham sem rumo<br />com a vida <br />entregue a outro alguém<br /><br />nas ruas ardentes <br />de dias quentes<br />e noites coloridas<br />a cidade me inspiraMaírahttp://www.blogger.com/profile/18087157149162014667noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-6511792606041004869.post-62839760892864098442013-04-30T20:20:00.002-07:002013-04-30T20:20:58.788-07:00<div style="text-align: justify;">
Acho atormentador o que aqueles olhos castanhos são capazes de fazer. Provocam tsunamis em lagos, reinventam a atmosfera... reagem com o meu olhar gerando reações físicas indescritíveis. Acho fascinante o que aquelas almas pluralizadas são capazes de fazer. Cada uma cumprindo seu papel na não-definição de um único ser. É encantadora a sequência de movimentos gerada com as mãos e braços, pés e pernas, formando uma conjuntura que não cabe em si. Transborda, arremessa-se do corpo pertencente e para aqui. Pára em mim sem respingar, sem atingir o que está perto, sem permitir estar em outro lugar. Laços inquebráveis formados pelo encontro do eu interior no outro... dedos que se perdem no curto espaço que distancia uns e outros e, assim, apertam-se os laços com cuidado para que não virem nós... ou permitindo que virem(os) nós. Nós sem desatar-nos, precisantes um do outro para um único fim: a existência dos múltiplos nós, formados de outros múltiplos<i> eus</i>, particularizados na existência das instâncias que saltam dos lábios e se entendem nos corpos...</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
...cautelosos passos são dados unindo vontades que se entendem.</div>
Maírahttp://www.blogger.com/profile/18087157149162014667noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-6511792606041004869.post-67821841841991694392012-12-25T11:20:00.004-08:002012-12-25T11:20:43.717-08:00a quedado amarelo fez-se o marrom<br />
a dançar sob a tempestade noturna<br />
perfumando flores beges<br />
colorindo tecidos mortos<br />
sussurou:<br />
quis tonalizar o cheiro recém-nascido<br />
usando os instrumentos das quartas-feirasMaírahttp://www.blogger.com/profile/18087157149162014667noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-6511792606041004869.post-66904347976049178972012-11-27T14:55:00.002-08:002012-11-27T14:56:45.472-08:00reparefórmulas de invisibilidade<br />
são doadas aos filhos renegados<br />
<br />
cegueiras geradas pelos egos<br />
conservam a boa forma da indiferença<br />
<br />
casas sem telhado <br />
não conseguem ofertar<br />
nem estrelas como presente<br />
<br />
corpo descoberto<br />
traz negativas formas de arrepio <br />
<br />
pare, repare, re-pare:<br />
todas as noites e manhãs traduzem<br />
os gritos das almas famintasMaírahttp://www.blogger.com/profile/18087157149162014667noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-6511792606041004869.post-5595595769197805262012-11-20T16:51:00.000-08:002012-11-20T16:51:10.956-08:00inspira-me... só assim expirarei<div style="text-align: justify;">
perdi de vista, da mente, do corpo e da alma. fugiu pro mar, aprendeu a nadar, voar, andar... infinitivos que não a tornam infinita... renovável, esgotável, contraditória. caos armado, calma introduzida... sai de casa sem pedir permissão criando furacões e redemoinhos internos. deixa rastros nas esquinas, nos bancos da praça, nas peças de dominó que são movimentados pelas mãos daqueles idosos... há fagulhas na flor que se perdeu do buquê, nos beijos dos casais, nos abraços apertados... espalha-se pelas gotas do vinho, pelas lentes dos óculos, vitrines e seus livros. não é tocável, mas me toca... me toca e me toca pra fora de si, pra fora de mim e das tantas outras pessoas que há no espaço que vai dos cabelos à ponta dos pés... o eu, múltiplo, enche até transbordar... e aí, entre uma enchente e outra, ela reaparece... indiscreta, notável, me toma, gasta, retoma, me alucina... vejo-a entre os goles dados na cerveja... ela se vê envolvida pela fumaça do cigarro da mesa ao lado... depois me invade como se eu fosse sua propriedade privada e a relação mútua de uso se inicia. lápis e papel, teclado e tela... sejam quais forem as testemunhas e escrivães, as provas vivem. essa prova vive... visível resultante do invisível. pessoas, coisas e sentimentos, venham! misturem-se e se permitam inflar. permitam que eu registre e os guarde... deixem que outros tantos se encontrem nos <i>eus </i>agregados em um só. visível, me deixe te sentir, se torne invisível... inspira-me. </div>
Maírahttp://www.blogger.com/profile/18087157149162014667noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-6511792606041004869.post-38393316836881028092012-11-20T16:00:00.000-08:002012-11-20T16:00:23.909-08:00para tocar o céu com os pés deixe chover<br />
e que lave<br />
embale, revigore<br />
deixe-me ver<br />
as almas nuas<br />
a saltar nas poças<br />
formadas por lágrimas de alegria<br />
choradas pelo céu Maírahttp://www.blogger.com/profile/18087157149162014667noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-6511792606041004869.post-83928640946097084262012-10-14T09:26:00.002-07:002012-10-14T18:50:45.636-07:00Labirintos silenciosos<div style="text-align: justify;">
O silencioso labirinto da vida me apresenta mil portas e sete chaves. Vejo-me obrigada a escolher entre sal ou açúcar, chuva ou sol, ruas ou avenidas. O silencioso labirinto grita: estamos entre quatro paredes invisíveis. Posso ver o movimento dos carros daqui, do lado de dentro. A criança que se ajoelhou para acariciar seu cachorro, desequilibrou. Caiu. Opto, as vezes, por não ver. Em frente as paredes imaginárias, levanto reais muros mentais. Será que finalmente atingi o isolamento? Talvez não... vejo tantas outras crianças caírem! Você consegue ver? Consegue me ver? Solto gritos de silêncio que ecoam no céu e espero que sejam minhas preces chegando. Vejo-as mais sem rumo que as nuvens: nada sabem em relação aos seus destinos... tão confusas quanto a minh'alma. Ando procurando algum atalho que me leve com rapidez às mil portas. Não desejo muita coisa: apenas um conhaque, um livro do Bukowski e as mesmas sete chaves para poder voltar ao meu conjunto de paredes imaginárias com retenção que se revestem mutuamente.</div>
Maírahttp://www.blogger.com/profile/18087157149162014667noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-6511792606041004869.post-91340507440951802912012-10-14T09:08:00.001-07:002012-10-14T09:08:38.737-07:00voarão?eles, passarinhos<br />
bebem água com cautela<br />
procurando não se engasgarem<br />
com os grãos que grudam na goela<br />
passarinhos que não passam<br />
nem passarão<br />
mas, estão.Maírahttp://www.blogger.com/profile/18087157149162014667noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-6511792606041004869.post-33842337008918954262012-10-05T21:06:00.003-07:002012-10-05T21:09:43.268-07:00estar na sala de estarsala de estar<br />
bagunçada<br />
intransitável<br />
sal<br />
a<br />
de<br />
estar<br />
a gosto<br />
seus cheiros<br />
na língua<br />
sala de<br />
estar<br />
triste<br />
feliz<br />
indeciso<br />
sala de<br />
estar<br />
destra<br />
desatada<br />
solar<br />
estar<br />
sala de saudade<br />
está<br />
sondando<br />
sentar e<br />
esperar<br />
ver passar<br />
na<br />
sala de estarMaírahttp://www.blogger.com/profile/18087157149162014667noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-6511792606041004869.post-62201396278430764062012-10-05T21:04:00.000-07:002012-10-06T08:43:51.871-07:00tardemaistarde demais<br />
para calar<br />
ou falar demais<br />
tarde, mas... Maírahttp://www.blogger.com/profile/18087157149162014667noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-6511792606041004869.post-48234103831631401402012-10-05T20:04:00.000-07:002012-10-18T05:11:31.997-07:00Ciclo das flores<div style="text-align: justify;">
É preciso abrir as janelas nas manhãs de primavera e permitir a entrada do sol. Amarelos campos brilhantes serão formados e tudo o que pode ser tocado será revestido pela leveza dos raios. É preciso se banhar com a chuva e apreciá-la para, então, receber de braços abertos a beleza do arco-íris. É necessário mudar a alma de casa, permitir a entrada do outro, deixando-o livre para partir quando quiser. Vai-se corpo, mantém-se a essência e os laços inquebráveis de irmandades costuradas a mão. Vestígios inabaláveis do que nunca foi físico... cheiros familiares, e ao mesmo tempo inéditos, apresentam suas distintas coreografias nas ruas pode onde passo. Memórias e saudades de fatos inexistentes são sementes que geram frutos da imaginação. Capítulos futuros e inacabados da vida colocam-se num cenário paradoxal, onde a lua do meio-dia não brilha e o sol da meia-noite reluz. Flores do campo nascem do asfalto, lagartas não descasulam e os gatos latem. A cabeça vive no chão e os pés nas nuvens, buscando pisar nos colchões de algodão construídos pela dinvidade para abrigarem anjos que, outrora terrestes, hoje são - ou estão - celestes. Meu coração se divide, gera pedaços que criam pernas e desfilam pelas calçadas... batem nas portas alheias e mantêm a porta do coração regenerado aberta. O músculo involuntário infla até com hospedagens efêmeras porque o tempo é pó na avenida do aprendizado que, no cruzamento adiante, encontra a do crescimento. As portas fechadas, por vezes, esvaziam o coração, mas não importa: ao encontrar ambientes hospedeiros arejados e espelháveis, me atrevo a pular os muros e abrir ao menos as janelas. A primavera e seu trajeto se invertem: transitam de dentro para fora! O tempo que lá era pó, aqui é oxigênio: mantém o ciclo das flores em pé, medindo frações de segundo para deixar este mundo florido. Os sóis das manhãs de outubro, tão únicos e iguais, insistem em deixar sempre o mesmo aviso: as andanças da alma ainda transformarão meu mundo numa eterna primavera.</div>
Maírahttp://www.blogger.com/profile/18087157149162014667noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-6511792606041004869.post-51999969530324538262012-09-23T16:00:00.000-07:002012-09-23T16:00:58.743-07:00primaveraa primavera brilhou<br />
seduziu<br />
encantou <br />
<br />
esta que veio<br />
ficou e partiu<br />
sumiu <br />
apagou <br />
<br />
cheiros fortes adentraram<br />
e frases em ruas imaginárias <br />
marcaram o sequestro da primavera <br />
<br />
relâmpago<br />
sombrio <br />
sofrido <br />
<br />
ó, inverno <br />
que sua gratidão seja retribuída <br />
<br />
hoje a primavera voltou <br />
mas deixou a porta semi-abertaMaírahttp://www.blogger.com/profile/18087157149162014667noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-6511792606041004869.post-28607304189911982282012-09-21T06:58:00.002-07:002012-10-05T20:13:57.687-07:00azulguardei-o numa caixa<br />
onde os ponteiros não correm<br />
as lembranças, por vezes, falham<br />
e a aquarela, outrora, lhes re-vida<br />
<br />
te espero, azul,<br />
com letras e fotografias <br />
na mesma sala de estar<br />
<br />
<b><span style="font-size: x-small;">Fevereiro de 2011 </span></b>Maírahttp://www.blogger.com/profile/18087157149162014667noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-6511792606041004869.post-17373768082934210352012-09-16T12:38:00.001-07:002012-09-16T12:38:26.776-07:00a cidade cinzacertas partes choram<br />
implorando por cor<br />
<br />
o cinza tomou conta das escadarias<br />
praças, morros e calçadas<br />
cobriu as plantas de Dona Maria<br />
correu do uniforme do guarda<br />
o cinza percorreu os corações aflitos<br />
descoloriu a cerveja do bar da esquina<br />
paralisou a dança dos amantes<br />
os carros nas avenidas<br />
tudo viu-se cinza:<br />
o céu, que era azul<br />
as aves e oxigênio <br />
poesias espalhadas<br />
por muros e postes<br />
as borboletas e suas coreografias<br />
abraços calorosos<br />
chegadas inesperadas<br />
palavras de afeto<br />
registradas em canções<br />
vielas e seus boêmios<br />
estão presos na transição<br />
os senhores das preocupações<br />
coloriram a correria<br />
as fumaças liberadas<br />
por espaços e locomoções<br />
que abrigam trabalhadores<br />
pintados em variados tons<br />
alimentamos com cores <br />
os aborrecimentos<br />
compromissos<br />
e ausências: <br />
geramos e engrandecemos o arco-íris da banalidade Maírahttp://www.blogger.com/profile/18087157149162014667noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-6511792606041004869.post-13759221816136862712012-08-26T15:37:00.001-07:002012-08-26T15:54:33.260-07:00doar, rodar e voltar lanço-me<br />
caminho<br />
amplio<br />
<br />
crio-me<br />
existo<br />
pluralizo<br />
<br />
transbordo<br />
reparto:<br />
não faz falta<br />
<br />
recrio-me<br />
resgato<br />
concluo:<br />
<br />
viver é questão de entrega. Maírahttp://www.blogger.com/profile/18087157149162014667noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-6511792606041004869.post-78444404747653283422012-08-26T15:00:00.000-07:002012-08-26T17:10:12.545-07:00<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhZT8a-7oQueTIKJUrOHQJqKWaeuFQ2p1BQtQIW21P-ZyqipqaUAAr6lu6lUxIogwTdGYB7lBwstx8XadEV5cap1cP23JDTFTufZ18PZJpLvFYuZb9BAxQ6pv0ULZXCh1andEaEyMEJiOg/s1600/tumblr_ly6g6lfZPC1qjqjumo1_400.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="265" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhZT8a-7oQueTIKJUrOHQJqKWaeuFQ2p1BQtQIW21P-ZyqipqaUAAr6lu6lUxIogwTdGYB7lBwstx8XadEV5cap1cP23JDTFTufZ18PZJpLvFYuZb9BAxQ6pv0ULZXCh1andEaEyMEJiOg/s400/tumblr_ly6g6lfZPC1qjqjumo1_400.png" width="400" /></a></div>
<br />Maírahttp://www.blogger.com/profile/18087157149162014667noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-6511792606041004869.post-10439364289403438292012-08-17T09:10:00.002-07:002012-08-17T09:10:39.285-07:00rabiscosos traços fracos<br />
esboços não finalizados<br />
unidos a sentimentos expressados<br />
traduzem a beleza<br />
das marés de incertezaMaírahttp://www.blogger.com/profile/18087157149162014667noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-6511792606041004869.post-19063346797708541082012-08-16T08:21:00.001-07:002012-08-16T08:30:44.148-07:00moça-bailarinavejo a moça-bailarina<br />
que lança leveza ao vento<br />
a rodopiar na esquina<br />
equilibrando a brutalidade<br />
dos que, outrora, tocavam o chão<br />
nas rosadas coberturas de gesso<br />
firmadas com laços doces<br />
carregando nas pontas destes pés<br />
o peso visivelmente oculto da graciosidade<br />
<div style="text-align: left;">
<i>- bolhinhas</i><br />
<i>calinhos</i><br />
<i>machucadinhos -</i></div>
metamorfoseada em sorrisos<br />
desenhada em movimentos manuais <br />
que moldam a estrutura corporal<br />
a brincar feito elástico em dedos invisíveis<br />
encantando a todos os meninos tristes<br />
de tantas outras esquinas sem cor Maírahttp://www.blogger.com/profile/18087157149162014667noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-6511792606041004869.post-43687691769801085272012-08-12T08:17:00.001-07:002012-08-12T08:17:38.724-07:00apa(i)ziguadorcai o corpo<br />
palavras medidas<br />
ralam-se os joelhos<br />
tentativas de agrado<br />
<br />
a língua dá nó <br />
e nós, enlaçados<br />
desde sempre<br />
para o sempre e além<br />
<br />
dias e noites<br />
vivências distantes<br />
encontram-se rotineiramente<br />
nos pensamentos alimentados<br />
pelo amor difundindo<br />
nas almas e correntes de seu abrigoMaírahttp://www.blogger.com/profile/18087157149162014667noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-6511792606041004869.post-46891939106456313682012-08-06T12:59:00.000-07:002012-08-06T12:59:14.254-07:00dias urgenteschama ativa que proclama cores<br />
lança e registra amores:<br />
vida repleta de cheiros e sabores<br />
<br />
brindemos à correria<br />
vigência da poesia<br />
lembranças que se atam às fotografias<br />
<br />
saudade difundida<br />
passeia pelas veias<br />
peito esquerdo e cabeça<br />
<br />
reforça-se na casa, no carro<br />
na janela, no quarto<br />
<br />
distância fitada<br />
mapa e coração<br />
sustâncias destes dias urgentes que não se vãoMaírahttp://www.blogger.com/profile/18087157149162014667noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-6511792606041004869.post-49785244237167416212012-07-28T19:43:00.002-07:002012-07-30T09:15:16.956-07:00O Redondo e o Zelo [Parte II]<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: white;"> </span><span style="background-color: white;">Quem apenas esbarra nele em algum elevador de nosso prédio ou em seu trabalho não sabe de sua vida pessoal. Contarei algumas coisas que são consideradas quase-confidenciais, afinal, sou uma das poucas coisas que fariam falta no dia-a-dia dele, apesar de atualmente, por estar quieta e em meu devido lugar, não lhe causar -mais- dores de cabeça: ele mora só. Vive só. Respira só. É tão isolado que as vezes tenho a sensação de que respira outro ar, vive em outra atmosfera... ou queria! Sei o quão acha deprimente acordar, trabalhar e presenciar este ciclo. Ele não nasceu aqui. Sua família é de uma cidade do interior e, apesar da pouca instrução, sempre serviram de base para que seus entes crescessem na vida. Com essa ideia, mudou-se para essa cidade há alguns anos a fim de estudar, mas mudou para este prédio há alguns poucos meses. Eu o acompanho desde outros meses, estes após sua formatura. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: white;"> </span><span style="background-color: white;">Acho curioso o modo com que a vida flui, por isso presto atenção em tudo o que acontece por aqui e por onde passo. Cada local é diferente e guarda dezenas, por vezes, centenas de pessoas também diferentes! Fico a pensar, até, que as pessoas nascem para combinarem com estes locais... ou os locais foram levantados para parecem com as pessoas?! Não sei! Em contrapartida, sei que nosso protagonista não se deixa influenciar pelo ambiente em que passa a maior parte do seu tempo. Aquela papelada, as pastas e pautas não lhe incomodavam, mas também não lhe davam prazer em serem autenticadas, organizadas e preenchidas. As horas parecem dias, os dias parecem meses e a vontade de ir para casa sempre foi maior que a disposição ao trabalho. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: white;"> </span><span style="background-color: white;">Com essa bendita animação, amor pela vida e profissão, não é difícil imaginar que ele não se importava com horários. Hoje aconteceu algo, no mínimo, curioso. Seu horário de entrada no serviço é dez horas da manhã, assim, levantava às sete e meia para tentar dar conta de fazer café e ficar apresentável, saindo de casa às nove e meia e chegando sempre pontualmente ou alguns minutos atrasado. Hoje o despertador não tocou. Levantou-se às nove horas e ao notar o enorme atraso, vestiu o mesmo terno que usa todos os dias, pegou sua pasta e correu. Entrou no elevador, desceu, não falou com o porteiro - para não perder o costume -... e correu. Saiu pela calçada esbarrando em quem, sem querer, conseguia. A criança perdeu seu sorvete, que derreteu no chão, o velhinho da rua de trás viu as folhas de seu jornal voarem e as pessoas olhavam, assustadas, para o cara estranho que corria pelas calçadas derrubando coisas. Cansou-se da euforia, parando lentamente e respirando rápido para tentar recuperar o fôlego. Olhou para o pulso esquerdo. O relógio marcava dez horas. Seu desespero, assim como as folhas do jornal, voou. Sabe-se lá para onde foi! Os passos largos deram lugar a uma longa caminhada e cada minuto a menos com os papeis, pautas e pastas lhe causavam faíscas de alegria que não eram expressadas nem com o olhar. Do outro lado da rua algo chamou sua atenção: havia um grupo de pessoas que estavam com os rostos pintados, sorrindo, falando com todos que por ali passavam, fazendo malabares e levantando placas que diziam "<i>free hugs</i>". Há muito tempo ele não sentia vontade de receber abraços e, quando se via obrigado a fazê-lo, não sentia ternura. Atravessou a rua e, ao se misturar às pessoas se perdeu na multidão, até que foi surpreendido com um abraço apertado. Durou minutos. Abraço é algo infinitamente mágico. Mistura a ternura carnal à emocional, expressa outros mil sentimentos, marca inícios, chegadas e partidas... abraços selam laços afetivos, momentos felizes e são capazes de fazer a mesma coisa que os poetas e fotógrafos, porém, usando a singeleza dos movimentos impulsivamente calculados, dos apertos que não machucam, do afeto que se transmite e que marca presença até em momentos tristes, sendo transformado, interpretado e sentido como cuidado. Aquele abraço era mais que isso, era o carinho que ficou no interior, a ponte que uniu um coração cinza e vários corações verdes, o calor humano quase desconhecido que cria laços, transmitido por um estranho. Assim como mudanças radicais devem acontecer lentamente, a mensagem não foi captada por inteiro, entretanto, fez algum efeito. Algo brotava em seu peito e precisava ser cultivado. Ah, se eu pudesse me fazer notável...</span></div>Maírahttp://www.blogger.com/profile/18087157149162014667noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-6511792606041004869.post-12011738831702636432012-07-25T18:30:00.000-07:002012-07-25T13:01:33.316-07:00nós, passageiroshá quem olhe o passado<br />
fixamente pelo espelho <br />
quem reveja cicatrizes<br />
medos e traquinices <br />
<br />
<div>
o tempo a passar <br />
como inseto a voar <br />
<br />
tem quem olhe o presente<br />
a caminhar pelas avenidas <br />
fazendo par com horários perdidos<br />
ou validades vencidas <br />
<br />
o tempo a correr<br />
como quem tem algo a perder <br />
<br />
idealizam o futuro <br />
que precede sua chegada em mentes férteis <br />
fios brancos são vistos <br />
assim como rugas e certos vícios<br />
<br />
chega o tempo de viver<br />
a intensidade da calmaria<br />
de quem pouco espera da vida</div>Maírahttp://www.blogger.com/profile/18087157149162014667noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-6511792606041004869.post-39497619094477033512012-07-25T13:00:00.002-07:002012-07-25T13:00:51.423-07:00<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEifYGSfj71yKccYPgD6opz5fXyxYAfN0RfwH6_kEsM-Ro8KKj46ASAlzY7N0F4H00QEa8ygDdBD-vbnbGDz7xJpGulNmucEAOeRMcQFNesntQN-ptthbC74b19BjgFwpAi2djBp-y7nfEU/s1600/tumblr_m6il412Jqq1qifmjho1_400.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEifYGSfj71yKccYPgD6opz5fXyxYAfN0RfwH6_kEsM-Ro8KKj46ASAlzY7N0F4H00QEa8ygDdBD-vbnbGDz7xJpGulNmucEAOeRMcQFNesntQN-ptthbC74b19BjgFwpAi2djBp-y7nfEU/s400/tumblr_m6il412Jqq1qifmjho1_400.jpg" width="400" /></a></div>Maírahttp://www.blogger.com/profile/18087157149162014667noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-6511792606041004869.post-55322095801702612042012-07-22T14:04:00.001-07:002012-07-22T14:09:05.088-07:00ao silenciaro silêncio gritou<br />ensurdecendo azulejos<br />pás, caminhões e letreiros...<br />um sopro de inércia gerou<br /><br />pararam as buzinas<br />e todos os pecados<br />planejados em surdina<br /><br />quem quis, (ou)viu <br />um grito de silêncio<br />paralisando a cidade virilMaírahttp://www.blogger.com/profile/18087157149162014667noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-6511792606041004869.post-46668053651037475322012-07-14T14:00:00.000-07:002012-07-28T18:35:05.899-07:00O Redondo e o Zelo [Parte I]<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: white;"> Há um cara morando aqui, no sétimo andar, que vive a mercê do tecnológico, não olha para os pássaros que passam brincando diariamente e no mesmo horário em sua varanda nem vê as flores que frequentemente brotam do asfalto. Sei também que sua vida corre pelas privadas e ondas sonoras vindas pela televisão que, de tão alta e frequentemente ligada, é ouvida por toda vizinhança, assim como os latidos de seu cachorro altamente peludo.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: white;"> L</span><span style="background-color: white;">evantava-se cedo diariamente – na verdade, quase não dormia -. Suas noites de sono eram, por vezes, interrompidas pelo barulho dos carros que andavam a mil por hora, o que gerava olheiras e um relacionamento sério com canecas lotadas de café durante quase todas as manhãs. Era de praxe perder a hora, vestir este mesmo terno amassado, pegar o elevador, ir correndo até seu carro e torcer para que o trânsito da avenida principal estivesse fluindo normalmente. Quando isto não acontecia, seu mau-humor e preguiça entravam em conflito para decidir entre buzinar ou não, se estressar ou não e até mesmo em retomar a possível noite mal dormida entre engarrafamento e trabalho... e que trabalho! Não é de minha competência comentar sua profissão, mas digo: é digna de admiração e, ainda assim, repleta de estresse. Talvez devido a isso sua vida cinza era aceitável. Não que me incomodasse o fato de aquele cara não receber visitas e não se preocupar comigo, mas em contrapartida, eu me preocupava com ele e nada podia fazer. Era reduzida a pó no caminho que leva à rotina, como um simples detalhe que embora pra uns fizesse diferença, tenho pura convicção que para ele, não.</span></div>Maírahttp://www.blogger.com/profile/18087157149162014667noreply@blogger.com