domingo, 16 de setembro de 2012

a cidade cinza

certas partes choram
implorando por cor

o cinza tomou conta das escadarias
praças, morros e calçadas
cobriu as plantas de Dona Maria
correu do uniforme do guarda
o cinza percorreu os corações aflitos
descoloriu a cerveja do bar da esquina
paralisou a dança dos amantes
os carros nas avenidas
tudo viu-se cinza:
o céu, que era azul
as aves e oxigênio
poesias espalhadas
por muros e postes
as borboletas e suas coreografias
abraços calorosos
chegadas inesperadas
palavras de afeto
registradas em canções
vielas e seus boêmios
estão presos na transição
os senhores das preocupações
coloriram a correria
as fumaças liberadas
por espaços e locomoções
que abrigam trabalhadores
pintados em variados tons
alimentamos com cores
os aborrecimentos
compromissos
e ausências:
geramos e engrandecemos o arco-íris da banalidade