domingo, 23 de setembro de 2012

primavera

a primavera brilhou
seduziu
encantou

esta que veio
ficou e partiu
sumiu
apagou

cheiros fortes adentraram
e frases em ruas imaginárias
marcaram o sequestro da primavera

relâmpago
sombrio
sofrido

ó, inverno
que sua gratidão seja retribuída

hoje a primavera voltou
mas deixou a porta semi-aberta

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

azul

guardei-o numa caixa
onde os ponteiros não correm
as lembranças, por vezes, falham
e a aquarela, outrora, lhes re-vida

te espero, azul,
com letras e fotografias
na mesma sala de estar

Fevereiro de 2011

domingo, 16 de setembro de 2012

a cidade cinza

certas partes choram
implorando por cor

o cinza tomou conta das escadarias
praças, morros e calçadas
cobriu as plantas de Dona Maria
correu do uniforme do guarda
o cinza percorreu os corações aflitos
descoloriu a cerveja do bar da esquina
paralisou a dança dos amantes
os carros nas avenidas
tudo viu-se cinza:
o céu, que era azul
as aves e oxigênio
poesias espalhadas
por muros e postes
as borboletas e suas coreografias
abraços calorosos
chegadas inesperadas
palavras de afeto
registradas em canções
vielas e seus boêmios
estão presos na transição
os senhores das preocupações
coloriram a correria
as fumaças liberadas
por espaços e locomoções
que abrigam trabalhadores
pintados em variados tons
alimentamos com cores
os aborrecimentos
compromissos
e ausências:
geramos e engrandecemos o arco-íris da banalidade