quarta-feira, 10 de julho de 2013

visto sobre o não visto

nas ruas ardentes
de noites frias
dias cinzas
a cidade respira
inspira vidas
expira o outro

nas faixas da ousadia
vê-se o risco ilegível
acompanhar aquele que atravessa

o guia de si mesmo
que caminha para frente
anda sem direção

a sede de entrega se liberta
com os olhos
involuntariamente fechados
com os braços
entrelaçados por efêmera confiança
com as pernas
que caminham sem rumo
com a vida
entregue a outro alguém

nas ruas ardentes
de dias quentes
e noites coloridas
a cidade me inspira

terça-feira, 30 de abril de 2013

Acho atormentador o que aqueles olhos castanhos são capazes de fazer. Provocam tsunamis em lagos, reinventam a atmosfera... reagem com o meu olhar gerando reações físicas indescritíveis. Acho fascinante o que aquelas almas pluralizadas são capazes de fazer. Cada uma cumprindo seu papel na não-definição de um único ser. É encantadora a sequência de movimentos gerada com as mãos e braços, pés e pernas, formando uma conjuntura que não cabe em si. Transborda, arremessa-se do corpo pertencente e para aqui. Pára em mim sem respingar, sem atingir o que está perto, sem permitir estar em outro lugar. Laços inquebráveis formados pelo encontro do eu interior no outro... dedos que se perdem no curto espaço que distancia uns e outros e, assim, apertam-se os laços com cuidado para que não virem nós... ou permitindo que virem(os) nós. Nós sem desatar-nos, precisantes um do outro para um único fim: a existência dos múltiplos nós, formados de outros múltiplos eus, particularizados na existência das instâncias que saltam dos lábios e se entendem nos corpos...


...cautelosos passos são dados unindo vontades que se entendem.