terça-feira, 20 de novembro de 2012

inspira-me... só assim expirarei

perdi de vista, da mente, do corpo e da alma. fugiu pro mar, aprendeu a nadar, voar, andar... infinitivos que não a tornam infinita... renovável, esgotável, contraditória. caos armado, calma introduzida... sai de casa sem pedir permissão criando furacões e redemoinhos internos. deixa rastros nas esquinas, nos bancos da praça, nas peças de dominó que são movimentados pelas mãos daqueles idosos... há fagulhas na flor que se perdeu do buquê, nos beijos dos casais, nos abraços apertados... espalha-se pelas gotas do vinho, pelas lentes dos óculos, vitrines e seus livros. não é tocável, mas me toca... me toca e me toca pra fora de si, pra fora de mim e das tantas outras pessoas que há no espaço que vai dos cabelos à ponta dos pés... o eu, múltiplo, enche até transbordar... e aí, entre uma enchente e outra, ela reaparece... indiscreta, notável, me toma, gasta, retoma, me alucina... vejo-a entre os goles dados na cerveja... ela se vê envolvida pela fumaça do cigarro da mesa ao lado... depois me invade como se eu fosse sua propriedade privada e a relação mútua de uso se inicia. lápis e papel, teclado e tela... sejam quais forem as testemunhas e escrivães, as provas vivem. essa prova vive... visível resultante do invisível. pessoas, coisas e sentimentos, venham! misturem-se e se permitam inflar. permitam que eu registre e os guarde... deixem que outros tantos se encontrem nos eus agregados em um só. visível, me deixe te sentir, se torne invisível... inspira-me.